ATA DA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA NONA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA, EM PRORROGAÇÃO, DA NONA LEGISLATURA, EM 12. 01.1987.
Aos doze dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e oitenta e
sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre, em sua Sexta Sessão Extraordinária da Nona Sessão Legislativa
Extraordinária, em prorrogação, da Nona Legislatura. Às quatorze horas e doze
minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão
Eliseu, André Forster, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Auro Campani, Bernadete
Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Elói
Guimarães, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli,
Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony,
Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Nei Lima, Paulo Sant’Ana, Rafael Santos,
Raul Casa, Teresinha Chaise, Valdomiro Franco, Werner Becker, Cláudio Dubina e
Wilson Santos. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou
abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Jorge Goularte que procedesse à
leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das
Atas da Quinta Sessão Ordinária, da Primeira Sessão Especial, e das Décima
Terceira e Décima Quinta Sessões Extraordinárias, que foram aprovadas. À MESA
foram encaminhados: pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 01 pedido de Providências,
solicitando limpeza do valo da Estrada Juca Batista até o triângulo da Estrada
Retiro da Ponta Grossa; pelo Ver. Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências,
solicitando que a SMIC e SMAM providenciem uma efetiva fiscalização dos
estabelecimentos comerciais (barzinhos) em atividade no Bairro Bom Fim; 01
Indicação, sugerindo ao Sr. Governador do Estado policiamento ostensivo na Av.
Osvaldo Aranha, onde se encontram em atividade diversos barzinhos, que vêm
transtornando a vida da coletividade, com a prática reiterada de atos de
vandalismo; pelo Ver. Luiz Braz, 03 Pedidos
de Providências, solicitando a reposição de lâmpada quebrada na Av.
Vicente Monteggia, junto ao nº 1559; colocação de uma sinaleira na esquina da
Av. Bento Gonçalves com a Rua Guilherme
Alves; colocação de uma sinaleira para pedestres na Av. Ipiranga,
defronte ao Supermercado Zaffari. Do EXPEDIENTE Constaram: Ofício nºs 05; 06;
07/87, do Sr. Vice-Prefeito em exercício; Cartões da Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Indústria; da F.F. Milanez & Filhos Ltda.; do Sr. Prefeito
da Capão da Canoa. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foram
aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Antonio Hohlfeldt, de Voto de
Congratulações com a União Metropolitana de Estudantes Secundários de Porto
Alegre, pela posse de sua nova Diretoria; do Ver. Aranha Filho, de Votos de
Pesar pelo falecimento de Francisco Damasceno Ferreira Filho; Pedro Barth;
Roberto Bina Kessler; do Ver. Frederico Barbosa, de Voto de Congratulações com
a Petrobrás, pela inauguração da Tedut de Capão da Canoa e abertura da
temporada da tradicional tenda Tedut de Tramandaí; do Ver. Getúlio Brizolla, de Voto de Pesar pelo falecimento da
Sra. Ilda Maria Gomes Gonçalves; do Ver. Hermes Dutra, de Votos de
Congratulações com Carmem Helena Crochemore, por sua eleição à Presidência do Sindicato
dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão do Rio Grande do Sul;
do Ver. Nei Lima, de Votos de Congratulações com os Municípios de São Francisco
de Paula; Giruá; Alegrete; Nonoai; Veranópolis; Santiago; Barão do Cotegipe,
Lageado, pela passagem de seus aniversários de emancipação política; do Ver.
Raul Casa, de Voto de Pesar pelo falecimento de Salvador Bruno. Na ocasião, o
Sr. Presidente acolheu Questões de Ordem dos Vereadores Getúlio Brizolla,
acerca de como se encontra o Requerimento do Ver. Nei Lima, formulado para saber
se, nas Sessões em que não há “quorum”, os Vereadores que chegam às quatorze
horas e trinta minutos participam da relação de presença; Isaac Ainhorn e Nei
Lima, acerca da possibilidade de fornecimento de cópias das respostas dos
Pedidos de Informações a todos os Parlamentares da Casa e não apenas ao autor
do Pedido. Ainda, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Aranha
Filho, acerca da Sessão Especial realizada dia oito do corrente, e da forma
como foi feita a convocação para a mesma. Em PAUTA, Discussão Preliminar ,
esteve, em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 96/86. Em EXPLICAÇÃO
PESSOAL, o Ver. Caio Lustosa comentou a necessidade de que as Secretarias da
Indústria e Comércio e da Saúde e Serviço Social do Município, façam um levantamento dos estoques de leite
contaminado por radioatividade que se acham distribuídos pela rede de
Supermercados da Capital, analisando os perigos que o uso deste leite
representa para a população, e criticando o Governo Federal por ter permitido a
entrada e distribuição no País deste
produto contaminado. Lamentou a omissão dos órgãos de fiscalização quanto ao
assunto. O Ver. Nei Lima congratulou-se com o Promotor da Cidade de Tramandaí
pelo trabalho que tem realizado naquele local no que se refere à exigência do cumprimento dos preços de
tabela nos estabelecimentos comerciais, lamentando que isso não seja observado
nas atitudes do Delegado Regional da Sunab. Discorreu acerca das dificuldades
de abastecimento vislumbradas no País. O Ver. Jorge Goularte comentou a visita
realizada, a esta Casa, pelo Sr. Prefeito Alceu Collares, como objetivo de dar
esclarecimentos sobre o reajuste do Imposto Predial e Territorial Urbano,
discordando de S. Exa. em determinados aspectos, especialmente no que se refere
ao projeto que visa angariar fundos para a construção de creches e o que busca
a criação de Conselhos Municipais. O Ver. Mano José teceu comentários acerca da
política econômica do Governo Federal, destacando os problemas enfrentados pela
economia nacional e os reflexos negativos observados na área da educação,
prejudicada pela cobrança de ágio, que tem desincentivado a construção de
escolas no Estado. Falou sobre o trabalho realizado, nos últimos anos, pela
Prefeitura no que se relaciona à manutenção das escolas municipais. O Ver.
Frederico Barbosa comentou o projeto de reajuste da remuneração dos secretários
municipais, em pauta na Casa, analisando o mesmo, principalmente a vinculação
existente entre o salário dos secretários e do Prefeito Municipal. Indagou quanto
realmente recebe o chefe do Executivo Municipal, comentando Substitutivo do
Ver. Hermes Dutra ao projeto acima referido. A seguir, o Sr. Presidente
registrou a presença, no Plenário, do Ver. Guilherme Barp, Líder da Bancada do
PDT em Erechim. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Wilson Santos falou sobre os
problemas encontrados nas praias gaúchas, destacando o alto nível de poluição
ali encontrado e a preocupação do PFL quanto ao assunto. Declarou que o Partido
fará uma Indicação ao Governo Federal para que se averigüem suspeitas de que a
lavagem de petroleiros seja o motivo dos resíduos de petróleo que vem sendo
encontrados na beira das praias gaúchas, e, em caso afirmativo, sejam tomadas
as devidas providências a respeito. O Ver. Clóvis Brum, discorrendo acerca dos
alagamentos verificados em Porto Alegre, salientou os perigos que eles
representam para a população. Pediu para o Executivo Municipal soluções
urgentes quanto à situação precária do Bairro Bom Jesus, em face do estado de
suas ruas, ressaltando a necessidade de melhor conservação das ruas do
Município. E o Ver. Elói Guimarães criticou o Governo da Nova República pela
política econômica adotada no País, salientando a difícil situação que
atualmente atravessa a Nação e analisando os prejuízos que o Plano Cruzado
acarretou ao povo brasileiro, tais como
a crise geral no abastecimento interno.
Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze horas
e quarenta e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária,
a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha,
Teresinha Chaise e Gladis Mantelli, e secretariados pela Ver.ª Gladis Mantelli
e pelos Vereadores Frederico Barbosa e Jaques Machado. Do que eu, Gladis
Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida
e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
A SRA.
PRESIDENTA (Teresinha Chaise): Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos
da presente Sessão. Solicito ao Sr. Jorge Goularte que proceda à leitura de
trecho da Bíblia.
O SR. JORGE GOULARTE: (Lê.) “Súplica e ação de
graças. A vós, Senhor, invoco: baluarte meu, não sejais mudo para comigo a fim
de que, calando-vos a meu respeito, eu não seja igualado aos que descem à
sepultura”.
A SRA. PRESIDENTA: A Sra. 1ª Secretária
procederá à leitura das Atas da 5ª
Sessão Ordinária, da 1ª Sessão Especial, da 13ª e da 15ª Sessões Extraordinárias.
(A Sr.ª 1ª Secretária lê as Atas.)
O SR. GETÚLIO BRIZOLA
(Questão de Ordem): Consulto a Presidência sobre como se encontra o Requerimento do Ver.
Nei Lima, formulado para saber se, nas Sessões em que não há “quorum”, os
Vereadores que chegam às 14h30min participam da relação de presença dos que
chegam na hora exata. É para efeito de recebimento de “jetton”.
A SRA. PRESIDENTA: A Presidência, no decorrer
da Sessão, dará a resposta a V. Exa.
O SR. ARANHA FILHO (Questão de Ordem): Quero deixar registrado que este Vereador não
recebeu convite para a 1ª Sessão Especial. Apenas li pela imprensa que não era uma reunião do Prefeito com a Bancada do
PDT. Estava ausente, justamente, porque não havia sido comunicado.
A SRA. PRESIDENTA: Lamentamos que V. Exa. não
tenha recebido convite, uma vez que abrilhantaria, com sua presença, a reunião.
Registramos o seu protesto.
Em votação as Atas. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que as aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Nos avulsos de hoje, segunda-feira, 12 de
janeiro de 1987, constam no Expediente ofícios oriundos da Prefeitura Municipal
de Porto Alegre, de nºs 5/86, 6/86 e 7/86, que têm por objeto respostas a
Pedidos de Informações. Há alguns dias atrás, houve uma discussão em relação
aos PIs e esta Mesa manifestou-se, assentando o princípio de que quando votado e aprovado o PI, este não mais pertence tão só ao interesse do
Vereador que o encaminhou e formulou, mas passa a ser do interesse da Casa e
dos seus 33 Vereadores. Por esta razão, consulto a V. Exa. se é possível à
Mesa, face a esse entendimento, fornecer normalmente cópia das respostas dos
Pedidos de Informações não só ao Vereador que fez o pedido, mas a todos os
Vereadores desta Casa, a partir do entendimento manifestado por essa Mesa.
A SRA. PRESIDENTA: Vereador, normalmente é
entregue apenas ao Vereador, mas, como há um pedido formulado, poderemos
colocar à disposição, na Biblioteca, para os Vereadores que estiverem
interessados nos Pedidos de Informações.
O SR. NEI LIMA (Questão de Ordem): Sra. Presidenta, em primeiro lugar, a Biblioteca
não é local para se arquivar documentos desta natureza; em segundo lugar, o
Pedido de Informações é uma particularidade do Vereador que o solicitou.
Conversando, no início da tarde, com o Presidente da CJR, ficamos sabendo que
já existe um Parecer, elaborado por essa Comissão, e que esses Pedidos não mais
serão feitos via Requerimento. Deverão ser encaminhados à Mesa, que somente
fará a leitura dos mesmos, encaminhando-os ao Executivo. Ademais, qualquer
pessoa da nossa comunidade, que quiser, poderá fazer Requerimento e entregá-lo
na Prefeitura, pois o Prefeito tem a obrigação de informar o contribuinte. O
Pedido de Informações é uma coisa toda pessoal, porque nele estão embasadas
perguntas e questões que interessam somente ao Vereador que o faz. Por isso penso
que não deva ser encaminhado à Biblioteca e tampouco ser dado conhecimento
público ao Plenário.
A SRA. PRESIDENTA: Ver. Nei Lima, em princípio
a intervenção de V. Ex.ª não é uma Questão de Ordem, é uma solicitação de
informação. Segundo: a Mesa disse “Biblioteca” porque, dentro das precárias
condições da Casa, a Biblioteca é um local de fácil acesso aos Srs. Vereadores.
A Mesa entende, também, que o Pedido de
Informações é algo que diz respeito à Cidade de Porto Alegre, diz respeito ao
bem comum, e por isso não necessitaria haver segredo sobre esses pedidos. Mas,
no decorrer da Sessão, a Mesa prestará melhores esclarecimentos a V. Exa.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Este assunto não foi ainda definido pela CJR.
Consta num Parecer de um Relator da Comissão, que será submetido à análise da
CJR. Em parte, concordo com o Ver. Nei Lima. Existem certas informações que são
fornecidas aos Vereadores de caráter específico da Administração Pública, ou
então são pedidos através da via judicial, como V. Exa., Sra. Presidenta, bem o
sabe, como brilhante advogada que é. Como sugestão à Mesa, entendo que estes
documentos deveriam ficar, não na Biblioteca, a que tem acesso o público, mas
no Arquivo da Casa, onde os Vereadores pudessem ter acesso aos documentos.
A SRA. PRESIDENTA: A Mesa acolhe a sugestão de
V. Exa.
A Sra. Secretária dará conhecimento ao Plenário das proposições
apresentadas à Mesa, hoje, pelos Srs. Vereadores.
A SRA. PRIMEIRA SECRETÁRIA: À Mesa foram encaminhados
proposições pelos Srs. Vereadores (Passando a ler.) Antonio Hohlfeldt (01),
Isaac Ainhorn (02) e Luiz Braz (03). É só, Sra. Presidenta.
A SRA. PRESIDENTA: O ementário do Expediente
está distribuído em avulso.
A seguir, havendo “quorum”, a Mesa submete ao Plenário os seguintes Requerimentos
de Votos de Congratulações:
- de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, com a UMESPA, pela posse da
nova diretoria, no dia 26/11/1986;
- de autoria do Ver. Frederico Barbosa, com a Petrobrás, pela
inauguração da TEDUT de Capão da Canoa e abertura da temporada tradicional da
Tenda TEDUT de Tramandaí;
- de autoria do Ver. Hermes Dutra, com Carmem Helena Crochemore pela
sua eleição à Presidência do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de
Radiodifusão e Televisão do RS;
- de autoria do Ver. Nei Lima,
com os Municípios de Giruá, Barão do Cotegipe, Lageado, Nonoai, São Francisco
de Paula, Alegrete, Veranópolis e Santiago, pela passagem de seus aniversários
de emancipação política.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam os Votos de Congratulações
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.
Ainda, para votação, os seguintes Requerimentos de Votos de Pesar:
- de autoria do Ver. Aranha
Filho: pelo falecimento de Francisco Damasceno Ferreira Filho; pelo falecimento
de Roberto Bina Kessler; pelo falecimento de Pedro Barth;
- de autoria do Ver. Getúlio Brizola: pelo falecimento de Hilda Maria Gomes Gonçalves;
- de autoria do Ver. Raul Casa:
pelo falecimento de Salvador Brunno.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que os
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.
A seguir, passaremos à
PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. Nº 2778/86 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 96/86, da Mesa, que altera redação de dispositivos da Lei Municipal nº 5.811, de 08 de dezembro de 1986 (Sistema de Classificação de Cargos e Funções da Câmara Municipal de Porto Alegre) e dá outras providências.
A SRA. PRESIDENTA: Para discutir, com a
palavra o Ver. Caio Lustosa. Desiste. Ver. Nei Lima. Desiste. Ver.ª Teresinha
Chaise. Desiste. Ver. Jorge Goularte. Desiste. Não havendo quem queira discutir
a Pauta, passa-se ao período de
Com a palavra, o Ver. Caio Lustosa.
O SR. CAIO LUSTOSA: Sra. Presidenta, Srs.
Vereadores, demos entrada, na Mesa, há pouco, a um Pedido de Providências junto
ao Executivo Municipal para que, malgrado os inúmeros problemas que enfrenta no
momento presente, determine uma atuação supletiva de parte da Secretaria da
Indústria e Comércio e da Secretaria da Saúde do Município, no sentido de
levantar os estoques de leite contaminado por radioatividade que, como é
público e notório, se acham distribuídos pela rede de supermercados desta
Capital, e já foram, inclusive, comercializados e, certamente, consumidos pela
população. É uma questão séria em que, em primeiro lugar, temos de verberar e
acusar frontalmente a atitude criminosa do Governo Federal que, através do
Ministério da Agricultura e do Ministério da Saúde, permitiu o ingresso dessas
substâncias, em volumosa carga de leite, importada do Mercado Comum Europeu, em
território brasileiro. Já existe uma sentença e decisão do Presidente do
Tribunal Federal de Recursos, Ministro Lauro Leitão, que deu ganho de causa a
uma Ação Cautelar, ingressada no Foro de São Paulo, em que se exigia a
proibição desse produto no País. Não sabemos onde está a fiscalização federal,
onde está a Polícia Federal para proceder a essa apreensão, e aqui, também, no
Estado, infelizmente, a Secretaria de Saúde e Meio Ambiente, que tem à frente o
Sanitarista Sérgio Bechelli, está se omitindo e não adota as providências
necessárias.
Hoje à tarde, fomos sabedores de que em Porto do Rio Grande está
aportando um navio com 500 toneladas de queijo, provenientes das regiões
contaminadas por radioatividade. É necessário que diante da omissão do Governo
Federal, do Governo Estadual, ao menos o Município de Porto Alegre adote uma
medida em proveito e em resguardo da saúde da população.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Cumprimento V. Exa. por mais uma vez levantar um
assunto de real importância e quero me somar à manifestação de V. Exa. Acho que
o Governo Federal deveria fazer um inquérito administrativo para saber como foi
adquirido o leite e por que foi adquirido, se na fronteira poderíamos ter o
abastecimento pelo Uruguai e Argentina e não seria necessário esse leite que,
ao que se sabe, é de procedência duvidosa e de qualidade ainda pior. Somo-me a
V. Ex.ª, porque o assunto é de extrema relevância e acho oportuna a sua
intervenção.
O SR. CAIO LUSTOSA: Muito obrigado, Ver. Jorge
Goularte. Realmente, o aparte de V. Ex.ª conforta essas medidas que estamos
pleiteando do Executivo Municipal, em conjugação de esforços com a Comissão de
Saúde e Meio Ambiente desta Casa, presidida pela Ver.ª Jussara Cony, que já
determinou uma reunião para quinta-feira próxima, às 18h, com entidades da
sociedade civil, em que adotaremos uma estratégia de comportamento em relação a
essa omissão absurda e criminosa das autoridades sanitárias.
A Sra. Jussara Cony: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, Sr. Vereador, para
congratularmo-nos com a postura de V. Ex.ª, trazendo a esta Casa assunto de
tamanha importância, relativo à saúde de nossa população. Como V. Ex.ª bem
coloca, na próxima quinta-feira, às 18h, teríamos já marcada uma reunião da
Comissão de Saúde, com todas as entidades que pertencem ao comitê pela criação
da indústria químico-farmacêutica estatal, que está diretamente relacionada
também com questões como as que V. Exa. levanta. Então, aproveitaremos esse
momento, chamando, também, outras entidades ligadas à área, no sentido de
tomarmos uma postura, levando, inclusive, o apoio que o Executivo Municipal
necessitar para tomar as medidas que queremos ver tomadas na Cidade de Porto
Alegre. Acho que nessa reunião teremos a presença da Secretaria Estadual da
Saúde e Meio Ambiente e, naturalmente, com todas essas entidades, essa
Secretaria terá que tomar uma posição bem na linha que V. Exa. coloca.
O Sr. Getúlio Brizola: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, queria usar as suas bonitas frases, quando
fala do seu próprio partido, dizendo que tudo o que passamos é motivado por
esse Governo que está aí. Eu, um pai de família, sinto-me envergonhado dentro
de um supermercado ou dentro de uma farmácia para comprar algum medicamento.
Tomara que o seu partido tome conhecimento disso que V. Exa. está dizendo e que
leve o discurso de V. Exa., a sua filosofia, a sua honestidade em conta.
O SR. CAIO LUSTOSA: Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA: O próximo orador inscrito é o Ver. Nei Lima, que está com a palavra.
O SR. NEI LIMA: Sr.ª Presidenta e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, queremos nos congratular como o Senhor Promotor da Cidade de Tramandaí, que está fazendo valer a sua função de colaborar com a população gaúcha que, nesta época do ano, se desloca até aquela cidade, diferentemente do que faz aquele cidadão que, no Rio Grande do Sul, tem a responsabilidade de coibir os abusos contra o consumidor. Refiro-me, principalmente, ao que tange à carne, onde o Promotor de Tramandaí determinou que se cobrasse o preço de tabela ou se sofreriam as sanções penais que o caso requer.
Em contrapartida, o Delegado Regional da SUNAB libera os preços indiscriminadamente, pedindo, inclusive, que os comerciantes usem o bom senso, que não retirem todo o dinheiro do consumidor numa primeira ida ao estabelecimento comercial, que retirem em duas ou três vezes, para que possam, pelo menos, tomar três banhos de praia neste verão.
Daqui desta tribuna nossa ressonância é tão pequena! Pediríamos que a SUNAB colocasse, ou solicitasse à Brigada Militar para que, juntas, pudessem defender o consumidor gaúcho. Digo isso, porque passei o fim-de-semana na praia de Cidreira, onde o meu amigo e colega Clóvis Brum também esteve. Quero dizer que a carne, lá, está liberada, onde o consumidor pode escolher o tipo de carne que quer levar, inclusive o tipo de ágio. Existe lugar onde a carne importada, a “francesinha” – a Chernobyl – é vendida ao preço de tabela. E eu não sei ainda por que os integrantes do PMDB desta Casa não pediram a cabeça do Superintendente Regional da SUNAB. Acredito que um membro do PDT não teria a força que tem um membro da Bancada do PMDB, que está na linha e na ascendência direta dentro do seu partido.
O Sr. Elói Guimarães: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero-me somar às preocupações de V. Exa., inclusive cumprimentá-lo pelo conteúdo do discurso, que é exatamente uma situação por que passa o País, sem precedentes na História brasileira. Nós estamos, Ver. Nei Lima, e aproveito o belíssimo pronunciamento de V. Exa., vivendo o maior caos que o País já atravessou em matéria de preços de mercadorias e de consumo. Há pouco, falava o Ver. Caio Lustosa sobre saúde; pois este País não possui remédios, inclusive aqueles que as pessoas têm necessidade de tomar. Então, o Plano Cruzado vai-nos levar e já nos levou, já estamos vivendo o maior caos da História Brasileira. É incrível! Então, eu acho que esse assunto que V. Exa. está enfocando, nós temos que falar na tribuna, porque é matéria relevante. Eu cumprimento V. Exa.
O SR. NEI LIMA: Eu agradeço a V. Exa. por ter participado do meu discurso e abrilhantado o mesmo, enriquecendo-o, inclusive. Quero dizer que a população brasileira está passando por necessidades atrozes; não se tem mais o que comer; o de beber está contaminado, e o que não está contaminado está engavetado ou enrustido à espera dos aumentos que estão-se proliferando a cada dia que passa. Então, pedimos, encarecidamente, ao encerrar este discurso, que a SUNAB, que é responsável pelo leite, pelo feijão na mesa do trabalhador, pelos preços tabelados, que solicite – e eu acredito que a Brigada Militar não se furtaria a auxiliar. É só pegar esses caminhões frigoríficos nas barreiras e botar um PM a acompanhar a entrega da mercadoria ao preço tabelado. Temos certeza de que, se o Governo da Nova República assim o quisesse, o trabalhador brasileiro poderia até viver com os Cz$ 964,00. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA: Com a palavra, o Ver. Jorge
Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidenta e Srs.
Vereadores, recebemos, na Casa, o Prefeito Collares para dar informações sobre
o IPTU. S. Ex.ª foi questionado por vários Vereadores, inclusive por este que
vos fala. Louvamos esta atitude do Prefeito, que é altamente positiva, mas
continuamos a discordar de S. Ex.ª em alguns pontos fundamentais. Em primeiro
lugar, quando diz que a Casa deixou de aprovar um Projeto que visava à construção
de creches no Município. Esse Projeto, ao que sei, não é do Executivo, mas se
trata de um Substitutivo do Ver. Clóvis Brum e que visava a salvar o Projeto do
Executivo, que não dizia absolutamente nada nesse sentido. Há uma injustiça do
Prefeito ao fazer essas afirmações, porque não constava, no Processo, nenhum
Projeto de creches, nada dizendo, por exemplo, onde seriam feitas, por que, e
os meios para que elas funcionassem satisfatoriamente. Por outro lado, o
Prefeito voltou a insistir no Projeto que visa à criação dos Vereadores
biônicos em Porto Alegre. Insisto em dizer que a criação dos Conselhos
Municipais, os chamados “Conselhões”, vai fazer com que a Casa seja apenas um
mero elo de ligação, muito tênue, entre o Poder Executivo e a população. Ora,
dizer o Prefeito que o Conselho Municipal seria o povo no Governo, é a mesma
coisa que desmerecer a votação dos Vereadores da Casa, que é o povo no Governo.
A votação de um Vereador existe para que o povo escolha o seu representante
legítimo e, por isso, eu continuo contrário a este Projeto que, acima de tudo,
não beneficiará, e até, pelo contrário, diminuirá, se não deixar escura a
participação desta Casa, que é a legítima representante do povo de Porto
Alegre.
O Sr. André Forster: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. toca em um dos Projetos de alta relevância,
que está tramitando nesta Extraordinária, que é sobre os Conselhos Populares.
Tenho razões muito especiais para me posicionar, nas condições em que o Projeto
tramita na Casa, contrariamente ao Projeto. O assunto é relevante do ponto de
vista de sua abrangência política para embrear a Câmara Municipal a aprovar, ou
não, um projeto de caráter eminentemente político, sob pressão. Preocupa-me a
manifestação do Prefeito, em Sessão Especial nesta Casa, quando ele levanta
suas preocupações sobre uma eventual oposição sistemática que esta Casa teria.
Mas, vamos convir que, sobre este Projeto, não se trata disso. Até aproveito
seu pronunciamento e me dirigiria ao Líder da Bancada do PDT nesta Casa,
pedindo a ele que gestionasse a retirada desse Projeto da Pauta da
Extraordinária, remetendo-o ao período ordinário, porque há, por parte da
Câmara, a maior boa vontade em analisar as representações populares mas, desta
forma, esta Casa estará embretada e analisando sob constrangimento e, ainda
mais, rejeitando sob constrangimento este Projeto.
O SR. JORGE GOULARTE: E veja, Ver. André Forster,
o Prefeito Municipal já se prepara para jogar esta Câmara , mais uma vez,
contra a população. Já começa a dizer que isso é importante porque o povo vai
participar, e eu disse imediatamente: discordo, porque acho que o “forum”
competente para legislar, para representar a comunidade é a Câmara dos
Vereadores. Se temos líderes nos bairros? Temos. E vários. Que se candidatem,
que concorram, que se elejam como nós fizemos. Por isso parece-me que é mais uma atitude equivocada do Prefeito
Municipal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Gladis
Mantelli):
Solicito aos Srs. Vereadores que permaneçam presentes no Plenário, porque
haverá necessidade de duas Sessões Extraordinárias para correr Pauta,
imediatamente após o término desta Sessão.
Próximo orador, Ver. Mano José.
O SR. MANO JOSÉ: Sr.ª Presidenta, dizer que a política econômica do
governo desmoronou é falar no óbvio ululante. Vamos ler, para conhecimento da
Casa, para registro da Casa, a frase de S. Ex.ª o Ministro João Sayad, do
Planejamento, sobre as dificuldades da economia brasileira. A frase está na
página três de “Zero Hora”: “A diferença é que em janeiro poderíamos atribuir
tudo à ditadura, agora a culpa é nossa mesmo”. Ainda bem que S. Ex.ª tem
consciência de que, realmente, a culpa é da Nova República, que nunca soube ser
nova e que seguiu os ditames e os trâmites da Velha, só piorar tudo aquilo que
o Sr. Delfim Neto – e nossa admiração por ele nunca foi patente – fazia, com
alguns autodidatas, mais do que o Sr. Delfim Neto, no campo da economia, que
tornaram este País isso que está aí.
Vamos falar sobre uma área, agora, que atinge em cheio e que vai criar,
no futuro, enormes dificuldades à Cidade: a área de educação. Diz a matéria de
Zero Hora: “Cobrança de ágio vai atrasar a entrega das novas escolas”.
Realmente, ninguém mais quer construir, porque ninguém sabe quanto os bancos
vão cobrar de juros no dia de amanhã. Hoje, 300, amanhã 320, e depois de amanhã
400, e ninguém mais sabe o que fazer. Ninguém mais quer assumir o compromisso
de construir, porque não sabe qual será a inflação, qual será o juro de amanhã.
Quero fazer referência a esta matéria sobre escolas e lamentar,
efetivamente, que as escolas não ficarão prontas, a não ser lá pelo meio do
ano, que é mais ou menos a previsão da
Secretária de Educação e do Sr. Coordenador de Planejamento da SEC, Sr.
Ubirapuitã Rocha de Lima, que diz, na matéria, uma heresia, quando observa que
“as 37 novas obras previstas para este ano atendem apenas as escolas mais
problemáticas”. Lembra que “desde 1949” – e aqui a heresia – “havia um convênio
entre o Estado e a Prefeitura de Porto Alegre, pelo qual esta última se
responsabilizava pela manutenção dos prédios”. Sr. Ubirapuitã, por favor, entre
para o MOBRAL! Se Vossa Senhoria não sabe ler, entre no MOBRAL para aprender a
ler, para saber que pelo antigo convênio a Prefeitura construía os prédios,
entregava ao Estado e o Estado é que se responsabilizava pela manutenção, não a
Prefeitura. E diz ele: “só que até o ano passado, quando o convênio foi
modificado, a Prefeitura nada tinha feito nesse sentido ao longo dos 21 anos”.
Pois vou dizer a este Senhor Ubirapuitã, que deve ser um índio parente do
Juruna, que mesmo a Prefeitura não tendo a responsabilidade pela manutenção das
escolas, fez mais manutenção do que o Estado, que tinha a responsabilidade de
fazê-la, nestes 21 anos. Posso afirmar isto sem medo de errar. Ele que aprenda
a ler primeiro o antigo convênio e depois o novo e, depois, dê suas
entrevistas, que são lastimáveis. Mas muito mais lastimável, ainda, é o atraso
com que serão entregues as novas unidades escolares, o que fará com que
milhares e milhares de alunos retardem seu ingresso numa escola para serem
alfabetizados.
É lamentável. O tempo é pouco. Temos que dizer tudo correndo para falar
sobre a Nova República, sobre o abastecimento da Nova República, sobre a
desmoralização da Nova República, que está com carne de segunda tabelada a Cz$
16,00 e está sendo vendida a Cz$ 55,00 o quilo. Entretanto, permanece o
tabelamento, uma verdadeira desmoralização para aqueles chefes que têm
obrigação de zelar pelos preços dessa tão velha, apelidada de Nova República.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA: Com a palavra, em Explicação
Pessoal, o Ver. Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidenta e Srs.
Vereadores, vejo, no final do Plenário, o Líder do PDT, Ver. Cleom Guatimozim,
a quem pediria um minuto de atenção. Na quinta-feira passada fiz um
pronunciamento dizendo do constrangimento de que estava tomado, e lembro que na
época manifestava-se, também, o Ver. Aranha Filho dizendo deste constrangimento
em opinar, votar, manifestar-se a respeito do aumento de salário do
Secretariado Municipal. O Prefeito, após cinco horas e trinta e tantos minutos
de discussão, chegava à conclusão, e parece ser até lógica, de que, se perder
na Justiça, poderá ter problemas para pagar o funcionalismo público. É uma
estranheza, inclusive me dá o direito de assim o achar, pois meia hora após meu
pronunciamento recebi uma cópia do Projeto para dar parecer. E não querendo me
furtar de dar Parecer, já que a presidência da CUTHAB assim deseja que este
Vereador o faça, só lastimo que continue minha dúvida a respeito do Projeto
para que possa me manifestar, pois que já tenho o Parecer em mente e o
voto que deverei dar, no Plenário, quando
da discussão deste Projeto.
O Projeto inicial vindo a esta Casa declara “que aos Srs. Secretários,
ao Procurador do Município e ao Diretor-Geral corresponderá um terço do salário
do Prefeito Municipal de Porto Alegre”. Após isto, o Projeto recebeu emendas e
um Substitutivo do Ver. Hermes Dutra que, segundo se ouve falar do Plenário
para fora, os Secretários até não acham que seja o melhor, porque estabelece
uma remuneração praticamente idêntica à dos Vereadores, mas um outro nível de
reajuste desta remuneração. O que me impressiona é que o Projeto original
continua tramitando, dando um terço do salário do Prefeito, e nós, até o
momento, não sabemos, publicamente, qual é o salário do Prefeito, ou seja, a
Presidência da Casa comunicou ao Sr. Prefeito que opinava pela
auto-aplicabilidade da Lei, a Emenda Constitucional, aprovada em 28 de outubro
pela Assembléia, dando um salário de três vezes o total do salário do Vereador.
Esta comunicação foi aplicada pelo Sr. Prefeito? Quanto ganha o Sr. Prefeito
Municipal hoje, 12 de janeiro, um dia chuvoso, segunda-feira, em Porto Alegre?
Quanto ganha o Sr. Prefeito Municipal, para que os Vereadores possam opinar
para darem um terço, ou aprovarem as Emendas que assim desejarem? Não estou
vinculando o salário do Prefeito ao Projeto, até porque meu voto não vinculará.
Mas acho estranho que tenha vindo a esta tribuna, há mais de 15 dias, tachando
este Projeto de fantasma, que agora é um fantasma que tem como invólucro um
lençol e, portanto, está aparecendo quando tramita pela Casa, uma vez que o
Substitutivo do Ver. Hermes Dutra dá uma nova roupagem ao mesmo e, agora,
continua o meu constrangimento. Não sei se é melhor para os Srs. Secretários
aprovar o Substitutivo do Vereador Hermes Dutra, que estabelece o salário de
Cz$ 45.000,00 e desvincula o mesmo do salário dos Vereadores, ou se devo
aprovar o salário vinculado a 1/3 do Prefeito, ou, ainda, se não devo aprovar
absolutamente nada. Só posso pensar em opinar se todas as manifestações contidas no Projeto forem absolutamente
claras e, evidentemente, a primeira não é clara, porque, até agora, não houve
uma manifestação, que será ouvida, do Líder do PDT nesta Casa.
O Sr. Getúlio Brizola: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria de saber se a chegada do Prefeito nesta Casa
serviu para que pudéssemos dialogar e
discutir. O Prefeito nunca pediu aumento de salário, e até, quando foi
aumentado, ele rejeitou, por se tratar de um homem honesto, um Vereador igual a
nós. Então, digo, com todo o respeito: acho que isso não vem do Prefeito. V.
Exa. quer o aumento do Prefeito?
O SR. FREDERICO BARBOSA: Eu agradeço o aparte de V.
Ex.ª. É evidente que eu quero que o Prefeito seja aumentado; V. Ex.ª não
descobriu o “ovo de Colombo”. Eu quero que ele seja aumentado, porque ele ganha
tão mal que não condiz com a figura de Prefeito, mesmo que não esteja fazendo
muita coisa; mas a figura é a do Prefeito da Capital do Rio Grande do Sul, e
não a figura deste Prefeito que aí está, porque a remuneração é daquele que
dirige a Cidade. Mas também não quero deixar os Secretários como estão, até
porque, se deixar, eles estão muito próximos dos Vereadores e não têm problema
nenhum. Já recebi do Líder de V. Ex.ª o salário atual dos senhores Secretários,
e apenas vamos regularizar uma situação, estabelecendo um novo “status quo” da
remuneração do Secretariado Municipal. Não tenho nenhum interesse em rebaixar,
porque já fui um dos que pagou muito caro, por ser, durante sete meses,
Secretário do Município, e todos os que passaram por uma Secretaria, Ver. Mano
José, por exemplo, já pagaram muito caro. A única coisa que não consigo é
continuar transitando com este Projeto debaixo do braço, até para dizer que
estou trabalhando, porque estou desejoso de elaborar o Parecer sem ter uma
manifestação e saber, publicamente, quanto, sob pena, Ver. Getúlio Brizola, de
fazer uma injustiça, quem sabe aprovar o Substitutivo do Ver. Hermes Dutra e
depois ficar sabendo que o Prefeito está ganhando “x”, e que era melhor para o
Secretariado ter aprovado o Projeto original.
(Aparte anti-regimental do Ver. Getúlio Brizola.)
O que quero é esclarecer, saber onde posso melhor me dirigir. Vou
tentar seguir o conselho do Ver. Getúlio Brizola, tentando seguir a
consciência, mas antes quero saber como está a consciência do Prefeito, para
depois colocar a minha ao lado e ao serviço da boa causa, como V. Exa. está
sugerindo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA: Anunciamos a presença, no
Plenário, do Ver. Guilherme Barp, Líder da bancada do PDT de Erechim. Sinta-se
em sua casa, Vereador.
Liderança com o PFL, Ver. Wilson Santos.
O SR. WILSON SANTOS: Sra. Presidenta e Srs.
Vereadores, a Bancada do PFL tem uma preocupação oriunda de um assunto que a
Bancada expôs. Vamos encaminhar Indicação ao Governador do Estado, olhando por
dois ângulos dois assuntos pertinentes a problemas no litoral gaúcho. Sabemos
que a população rio-grandense, especialmente a população porto-alegrense,
nesses dois meses, janeiro e fevereiro, se desloca para usufruir das praias
gaúchas. Os jornais publicaram constatação de poluição nas praias de Cidreira e
Nazaré. E nessa Indicação pretendemos pedir que se determine e identifique, com
clareza, a poluição, e que a área seja interditada para evitar problemas de
saúde aos veranistas e não, simplesmente, se utilizar os órgãos de imprensa
para pedir aos veranistas que tenham cautela, quando se sabe que as pessoas,
envolvidas pelo desejo de usufruir da praia, não vão estar sabendo se o posto
de Nazaré e Cidreira tem o nº 21, 22 ou 23. Isso compete à autoridade sanitária
estadual, interditar a área que está poluída.
Este é o primeiro enfoque que constará da Indicação que faremos ao Sr.
Governador. O segundo enfoque já é algo genérico nas praias de Tramandaí, em
direção a Quintão. Constatava, agora que, por um Pedido de Informações do Ver.
Aranha Filho, na praia de Capão da Canoa também se encontra uma quantidade
enorme de resíduos de petróleo e que, conseqüentemente, toma conta da areia e
impede que o veranista possa ter o prazer de usufruir das nossas praias. Isso,
em princípio, é uma poluição, é um desconforto e suspeita-se que os navios, os
petroleiros que vêm descarregar o petróleo no terminal da Petrobrás, fazem,
depois, a devida lavagem dos porões e lançam esses restos de petróleo ao mar. O
mar, conseqüentemente, despeja-os na praia e nós estamos com dezenas da praias,
do nosso Rio Grande do Sul, tomadas por essa sujeira.
Vamos fazer uma Indicação ao Governador do Estado, pedindo as devidas
providências, pedindo a apuração, a identificação e, se constatados os fatos,
que sejam tomadas as devidas providências para que o problema seja sanado. Se
consumada a suspeita de que são os petroleiros que lavam os porões dos navios e
que esses resíduos de petróleo vêm-se depositar na praia, que seja, então,
responsabilizada a Petrobrás, talvez
até indenizando o prejuízo que têm os milhares e milhares de
proprietários, que compraram suas casas na praia, que investiram e que não
deixam de pagar os impostos, as taxas e, conseqüentemente, dar existência a
estes Municípios da orla marítima. Por isso utilizamos este tempo de Liderança
do PFL. Porque será a Liderança do PFL, por sugestão deste Vereador, que
subscreverá Indicação ao Governador para preservar o direito, o bem-estar,
preservar a saúde daqueles que, principalmente em janeiro e fevereiro, em
grande contingente, procuram as praias gaúchas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA: Com a palavra, o Sr. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidenta e Srs.
Vereadores, não vamos atribuir às chuvas os alagamentos verificados na Santa
Maria Goreti, nem os alagamentos verificados em decorrência do Canal São
Vicente, na Santa Cecília com a Protásio Alves. Não vamos atribuir às chuvas os
alagamentos da Prof. Cristiano Fischer, próximo à Av. Ipiranga, nem à José de Alencar,
nem dos corredores da Bento Gonçalves e da Av. Farrapos. Não vamos atribuir às
chuvas o perigo constante, a ameaça de segurança da vida das pessoas, que
continua a desafiar a já tão trágica Nilo Peçanha. Nesta tarde, vou-me
reportar, para que os Anais da Casa registrem que faço, não como uma crítica ao
Governo do Prefeito Alceu Collares, mas sim como o verdadeiro SOS para o Bairro
Bom Jesus. Exatamente nesse bairro a calamidade pública chegou. As poucas ruas
calçadas tiveram seus calçamentos destruídos pelas obras do Projeto Rio Guaíba;
as ruas não calçadas estão sem condições de trafegabilidade, o que está a
dificultar até a entrada de ambulâncias em casos de necessidade; a iluminação é
precária; a linha de ônibus, há mais de trinta dias, deixou de circular pela
Av. Jordão, onde saía na altura da Gaúcha Car, na Protásio Alves, onde
circulava pela São Lucas, Jerusalém e Santa Izabel.
O ônibus abandonou seu itinerário. A população da Bom Jesus passou a
caminhar quadras e quadras a pé, em função do estado lamentável das ruas, que
não dão condições, sequer, do ônibus trafegar.
O Prefeito sabe disso, o Secretário Wilton Araújo, “o Secretário dos
Buracos” sabe disso. O Ver. Wilton Araújo, que era o grande cobrador do Governo
Dib com referência às ruas calçadas, sabe que vai muito mal a conservação das
ruas da Cidade. Bom Jesus não recebe a atenção da Prefeitura há muito tempo. O
Prefeito Collares soube chegar lá e pedir votos, e ganhou a eleição no Bom
Jesus. Mas aconteceu que S. Exa. acabou esquecendo, agora, o bairro Bom Jesus.
Hoje, é um estado de verdadeira calamidade pública o traçado viário do bairro
Bom Jesus. E eu fico, apenas, no bairro Bom Jesus, sem sequer tecer
considerações sobre estado lamentável do Partenon, área das Vilas João Pessoa,
São José, Santa Catarina, Santa Maria. Aquelas áreas estão todas com suas ruas
dizimadas em função das obras do famoso Projeto Rio Guaíba e da falta de ação
das divisões de conservações de estradas e de ruas calçadas da Prefeitura de
Porto Alegre.
Para concluir, Sra. Presidente, eu chamo a atenção: não é crítica, é um
pedido da população do Bairro Bom Jesus, que endereçou ao Prefeito, já enviou
ao Prefeito um abaixo-assinado com três folhas preenchidas, pedindo para que S.
Ex.ª faça alguma coisa para o Bairro Bom Jesus, onde foi pedir voto, onde
recebeu voto, e de onde retirou até ônibus, pelas condições precárias das ruas.
O assunto é sério, é responsável! Ou esta Cidade trata os seus assuntos com
seriedade, ou nós temos uma Administração irresponsável e um Secretário da SMOV
também irresponsável. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA: Liderança como o PDT. Com a palavra o Vereador Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, não vamos falar das calamidades determinadas pela natureza. Vamos
falar das calamidades determinadas pela Nova República, pela República do
Cruzado, esta República que tem no PMDB, no Partido do Movimento Democrático
Brasileiro, o seu braço parlamentar, o seu braço político. Quer-me parecer,
Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, que jamais, na história deste País, se
atravessou situação tão dolorosa quanto a que se atravessa hoje.
Eu até entendo que a ditadura, a economia dirigida por Delfim Neto,
tinha mais seriedade. Pelo menos era mais realista que a Nova República.
Porque, na Nova República, se mente desavergonhadamente à Nação. Mentiu-se na
eleições! E o que fizeram com a economia brasileira, onde pacientes que
dependem de remédios indispensáveis à própria sobrevivência não têm onde comprá-los? Não existe mais nada neste País. A inflação
de dezembro, segundo fontes fidedignas, foi de 110%! E o pior de tudo isto é que a economia brasileira entrou num
profundo colapso. Não estamos vendo isto, que se jogou o País a um verdadeiro
desespero? A que levaram o País, se não a uma situação que pode determinar – e
em alguns lugares já se constatou – a própria
desobediência civil? O que aconteceu em Brasília é um dado que tem que
ser avaliado. A população, portanto, está sendo levada a uma situação de
profunda inquietação. E o que se faz e se fez com os salários? Todos lembramos
que, ao ser implantado o Plano Cruzado, o salário foi atualizado pela média e
mantiveram-se os preços pelo pico. Pois bem: e agora, qual será a correção dada
aos salários e quando se dará a correção? Então, estamos vivendo uma situação
de calamidade pública praticada pelos homens. Não é calamidade pública em
decorrência de fatores da própria natureza. É a calamidade pública que
atravessa a Nação; é a verdadeira tragédia a que foi submetida a nossa
população. Mas é incrível: não há remédios para pessoas que, sem os quais,
podem morrer. Mas é o caos. O Governo da República comete o genocídio: primeiro
porque não tem autoridade para tirar dos interesses e dos laboratórios das multinacionais
os remédios de que a Nação precisa. Comete o genocídio a Nova República e o
Governo da Nova República.
Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, há pessoas, neste País, necessitando
de remédios e não os têm porque foi feito um grande acordo com as multinacionais.
Está aí, hoje, a economia brasileira sucatada e os interesses multinacionais
dominando nosso País e dominando com o grande respaldo da imprensa nacional,
liderada pela Globo. Está aí o acordo nacional montado entre o Governo, os
meios de comunicação e as multinacionais, pois a população não tem remédio. Por
que o Governo não coloca a autoridade que diz ter para tirar os remédios e dar
à população que pode morrer? É incrível, Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, mas
estamos vivendo a maior calamidade que este País já atravessou. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA: Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão e convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Extraordinária a seguir.
Estão levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 15h45min.)
* * * * *